Destinos Cruzados - Capitulo Oito


POV. Bella
- Porque ela pode faltar a escola e eu não? – continuou Anne enquanto subia no carro. – Você sempre faz o que ela pede, sempre.
- Ai, Anne. Paia de sei assim com a mamãe. – Kris se intrometeu.
- Ahh, fica quieta, ta bom? Você só fala isso porque sempre vai ser a preferida da Bella, sempre vai ser o bebezinho dela. Mas, quer saber, Kris? Você não é mais um bebezinho, é um bebezão.
- Hei, hei. Já chega, as duas. Anne, fala assim mais uma vez com a sua irmã e vai ficar de castigo. – ela me encarou, olhos arregalados.

- Viu, eu falei, falei para você que ela é a preferida.
- Anne. – alertei. Ela calou a boca. Seu ciúme infantil as vezes era chato. Mas eu admitia que tinha culpa. Era só Krissy me encarar com aqueles grandes olhos verdes que me tinha nas mãos. Com Anne também era assim, mas pelo fato de ela ser maior e entender as coisas com mais facilidade fazia com que eu fosse um pouco mais firme com ela.
Continuei prestando atenção na estrada, a chuva não dava trégua, os velhos pára-brisas da picape faziam força para tirar o excesso de água.
Senti algo vibrar em meu bolso, era meu celular, mas eu não podia atender agora.
- Deixa que eu atendo. – Anne pos a mão no meu bolso a puxou o aparelho, olhou rapidamente no visor para depois falar:
- Oi, tia. – Tia? Desde quando essa agora? – Ela ta aqui sim, mas ta dirigindo, foi me buscar na escola. – esperou alguns segundos antes de voltar a falar (e ignorou quando perguntei quem era). – Eu digo sim, agora? – mais uma pausa. – Ta bom. Tchau, tia. – jogou o aparelho sobre o banco da frente e se virou para mim. – Era tia, Rosalie. – eu ri.
- Tia? Ela não é sua tia.
- Quer que eu chame ela como, então? – revirou os olhos
- O que ela queria?
- Disse que hoje é o dia do seu pagamento. Mas que não é para você ir pegar ele na empresa, se você puder é para passar na casa dos sogros dela agora. – explicou.
Franzi o cenho. Sogros? Eu sabia onde eles moravam, assim que o estúdio abriu e Rose precisava que buscassem algumas coisas lá, era eu quem ia.
Fiz a curva que nos levava a casa dos Cullen, considerei deixar as meninas em casa primeiro, mas logo pensei melhor, eu ia demorar mais se fizesse isso.
Quando parei em frente a grande casa branca – de três andares – desci do carro, agradecendo por a chuva ter diminuído um pouco em quanto eu dirigia, desci as meninas e toquei a campainha, não demorou muito para a abrirem a porta. E, para a minha surpresa, era Edward quem a havia aberto.
- Oi, Bella. – sorri para ele.
- Olá. – ele olhou para baixo, cumprimentando as meninas.
- Entrem, por favor. – segurei a mão das duas para entrar, ele nos levou em direção a sala, várias pessoas estavam lá, todos os Cullen, Rose me viu e andou até mim logo após eu ter dito um baixo “olá” para todos.
- Ahh... Bella desculpe-me ter feito vir aqui com toda essa chuva, mas eu realmente não tinha como sair. – assenti. – Meu cunhado teve noticias sobre a filha dele e estamos comemorando. – cunhado? O único cunhado que Rosalie tinha não era Edward? E ele tinha uma filha? Seria falta de educação minha perguntar.
- Sem problemas, não pude te atender porque estava dirigindo, voltando da escola com as meninas.
- Sem problemas. – ela andou até mais próximo das outras pessoas. – Sei que já se conhecem, mas, gente, essa é Bella. Bella, esses são Esme e Carlisle, meus sogros, Alice, minha cunhada. Os outros você já conhece. – sorri, acenando com a cabeça para cada um deles. Rosalie pediu que eu esperasse alguns minutos para ela pegar o dinheiro na bolsa, enquanto isso, ouvi Edward se aproximar.
- Sabe que hoje é o dia para tirar a tipóia, não é? – meus olhos se arregalaram em surpresa.
- Nossa... eu acabei esquecendo, mas obrigada por me lembrar, vou deixar as meninas em casa e vou direto ao hospital.
Caímos em um estranho silencio depois disso. Nenhum sabia o que falar. Krissy se remexia inquieta segurando minha mãe e minha cintura, Anne também. Elas estavam desconfortáveis, não conheciam quase ninguém ali e queriam ir para casa, eu as entendia. Rosalie estava demorando um pouco.
- Bem... se você quiser posso ir na sua casa e tirá-la. – não sei o que me deixou mais surpresa, meu esquecimento ou sua estranha generosidade. Quero dizer, Edward realmente parecia ser alguém generoso, mas para alguém que ele quase nem conhecia?
- Não quero ser um incomodo. – murmurei.
- Incomodo algum.
- Bom, então tudo bem. Quando estiver bom para você pode passar lá em casa. – ele sorriu, tirando sua atenção de mim e começou a conversar com as meninas. Elas se alegraram um pouco quando começaram a conversar. Edward logo as levou para apresentar a sua família, e eu fiquei ali, só olhando.
- Pai, mãe, Alice. Essas são as garotas mais bonitas do mundo. Krissy e Anne. – eles sorriram em admiração, conversando com elas. Sra. Cullen sentou ao lado de Kris no sofá, e me lançou um olhar curioso depois de alguns minutos conversando com ela. Eu decidi que aquilo era coisa da minha cabeça, e sentei ali perto deles quando Alice disse que eu não precisava ficar em pé. Ri do tom divertido que ela usou.
Rosalie finalmente voltou, com um envelope laranja nas mãos.
- Desculpe, Bella. Dave está dormindo no quarto de cima e acordou quando fiz barulho, ai já viu, começou a fazer manha para eu ficar um pouquinho com ele.
- Você mima muito esse garoto. – falou Emmett, Rosalie lançou a ele um olhar provocativo.
- Sou a única? – ele riu, levantando as mãos para cima.
- Culpado. – acusou.
Agradeci a ela, chamei as meninas e me despedi de todo mundo.
- Daqui a pouco eu passo na sua casa. – falou Edward.
- Tudo bem.
- Essas garotas são uma graça, Bella. Faz um ótimo trabalho.
- Obrigada. – falei, um pouco sem graça pelo elogio da Sr. Cullen.
Deu tchau para todo mundo e Edward me acompanhou até a porta.
- Até daqui a pouco. – falou.
- Até.
Krissy e Anne lhe deram um abraço e um “tchau, tio” antes de me seguirem até o carro.
(...)
O chuveiro estava ligado a bastante tempo. E, outra vez, gritei com Anne para ela desligá-lo.
- Mãe, a Anne ta tomando banho, como ela pode tomar banho com o chuveiro desligado? – eu ri, passando a escova por seus cabelos.
- É que enquanto ela ensaboa o corpo e o cabelo, pode desligar o chuveiro, gasta muita água se ela deixar ele ligado sempre.
- Ahh... – murmurou apenas. Ajeitei mais seu corpinho entre minhas pernas no sofá. Depois de ter dado banho em Krissy, era uma tortura convencê-la a pentear o cabelo. Finalmente, dessa vez, eu já estava acabando.
Uma batida na porta fez eu levantar.
- Não põe o pé no chão, você está descalça.
- Ta. – falou.
Andei até a porta e a abri, Edward estava lá, com uma malinha branca, que eu supus ser de seu trabalho, o convidei para entrar.
- Oi, Kris. – murmurou.
- O tio. O que você ta fazendo aqui, a gente a recém veio da sua casa.
- Kris. – repreendi. Mas a curiosa inocência usada em sua pergunta fez Edward rir.
- Vim ajudar sua mãe a tirar essa coisa feia do braço. – ele falou.
- É? Que bom, então já ta curado?
- Ta sim. – o convidei para sentar. Fui até o banheiro e bati na porta.
- Que foi/ - Anne perguntou lá de dentro.
- Edward esta aqui, olha o jeito que vai sair desse banheiro, hein.
- Ta.
Voltei para a sala, e Edward estava conversando animadamente com Kris. Ela falava sobre o desenho preferido e como ela conseguiu me convencer a deixá-la a ficar em casa hoje. Pela maneira como Edward ria e conversava com ela, parecia que ele realmente estava interessado.
Quando me viram, ficaram quietos.
- Vamos começar? – ele perguntou. Assenti, sentando-me entre ele e Krissy. Abracei seu corpinho e cheirei seus cabelos, um habito que eu havia adquirido com as duas.
- Tio, se você machucar a minha mãe eu nunca mais falo com você, viu.
- Pode deixar, mocinha. Não vou machucá-la.
E não machucou mesmo, claro que não machucou, sem muita demora, minha mão já estava “livre” de novo.
- Obrigada. – murmurei.
- De nada. É o meu trabalho.
- Mesmo assim. – os olhos dele percorreram a casa.
- Cadê Anne?
- Esta se vestindo, estava tomando banho.
- Ah... – como em sua casa, caímos em outro bizarro silencio, dessa vez, quem voltou a falar, fora Kris.
- Nossa, poque ta todo mundo quieto? – nós rimos, encarando um ao outro, sem ter o que dizer.
Abri a boca para falar mas Edward me silenciou.
- Kris, que tal você ir lá ver a Anne, ver se esta tudo bem?
- Que? Clalo que ela ta bem, só tomou banho.
- Eu sei, mas vai lá mesmo assim. – os olhinhos verdes dela brilharam em compreensão, uma que, até aquele momento em que ela falou, nem eu tinha percebido.
- Ah... você quer falar sozinho com a minha mãe. Coisa de adultlo. Entendi, não se preocupa, tio. Vou falar pra Anne não vim também.
- Valeu, gatinha. Vou te dar um presente por isso. – e ela saiu correndo e gritando. Parecendo a pessoa mais feliz do mundo. Me virei para Edward, perplexa.
- O que... porque você fez isso?
- Bom... – ele coçou a cabeça e deu um riso nervoso. – Ela tava certa, eu queria falar com você sobre uma coisa.
- Qual?
- Bem, minha mãe me disse que eu preciso sair. – outro riso nervoso. – E eu queria saber se você queria jantar comigo, sabe, só como amigos. Ai a gente podia sair pra dançar também.
- Uau. Bem, eu não esperava por isso. – agora era eu quem ria, as bochechas totalmente coradas, eu podia sentir elas quentes. O pedido de Edward era algo que eu realmente não esperava. Eu não sabia o que dizer. Me sentia nervosa.
- É, acho que nem eu. Mas o que me diz? – ele me encarava, com tanta intensidade que eu nem pude desviar o olhar.
- Eu... não sei, não sei o que te dizer. – suas mãos seguraram as minhas.
- Diga que sim. – outra vez a intensidade em seu olhar e em suas palavras deixou impossível eu não olhar. Encarei seus olhos.
- Não tenho com quem deixar as meninas.
- Minha mãe fica com elas, sem problemas.
- Não quero ser um incomodo.
- E não vai ser.
- Mesmo assim, vou falar com a minha vizinha, acho que ela pode, até mesmo porque as meninas vão se sentir desconfortáveis com a sua mãe, sabe como é, são crianças e não gostam muito de estranho.
- Entendo. Então isso é um sim? – sorri e assenti, eu sentia borboletas no estomago, mesmo que ele tenha dito que era apenas um jantar entre amigos, eu nunca tive a chance de sair com um garoto. Minha única experiência amorosa foi um beijo aos 14 anos, apenas um único beijo.
E agora, Edward Cullen, um médico muito bonito, jovem e legal, estava me convidando para sair, eu estava me sentindo uma adolescente em seu primeiro encontro, não que eu não fosse uma.
E entramos em outras conversas depois disso, algumas delas eram onde e quando íamos sair, ele queria ir dançar, então não escondi que eu não sabia dançar nada. Ele riu.
- Mesmo assim, pode deixar que eu te ensino. – corei com a forma que ele me olhou.
Quando ele começou a me perguntar sobre as meninas – que, por incrível que pareça, ainda estavam quietas no quarto – eu lembrei do que Rosalie disse.
- Edward... sei que não é da minha conta mas... – ele me olhou, compreensão tomando conta de seu rosto.
- É sobre o que Rosalie falou, não é? – assenti, envergonhada.
- Olha, não precisa falar, ok. Desculpa por eu ter sido...
- Hey, tudo bem, não é um segredo. – assenti. – Bom, eu tenho uma filha. – ele sorri, triste. – Ela teria quase quatro anos agora.
- Teria?
- Quando ela nasceu, a tiraram de mim, é uma história longa, mas resumindo, eu tive um relacionamento com uma garota. Ela tinha 18 anos quando engravidou e eu 21. Tanya era fútil, se preocupava demais com o corpo, então lhe disse que daria um bom dinheiro se ela levasse a gravidez até o fim e me desse o meu bebê. Ela concordou, mas quando minha filha nasceu, Tanya sumiu com ela, disse que sem aquele bebê poderíamos ficar juntos. Então eu ainda estou atrás da minha filha.
- Isso... isso é tão triste. Como uma mãe pode ser capaz de sumir com o próprio bebê? Ela não quis te dizer para onde tinha mandado o bebê?
- Não. Ela fugiu logo depois disse, me deixando uma carta psicopata dizendo que se ela não ficasse comigo, minha menina também não ia ficar. – por impulso, joguei meu corpo sobre o seu e o abracei.
- Sinto muito por isso, é tão... triste.
- Mas fique feliz, estou muito perto de encontrar minha filha. Um dos detetives que contratei esta numa pista muito boa sobre o paradeiro dela.
- Fico feliz, imensamente feliz.
E, no fundo, eu estava.

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