Destinos Cruzados - Capitulo Sete


POV. Bella
Joguei aqueles malditos papeis para o alto e bufei. Voltei a apoiar os cotovelos na mesa da cozinha e coloquei o rosto entre as mãos.
Eram duas da madrugada e eu ainda estava acordada, fazendo contas. Nunca fui de gastar muito, mas no ultimo mês a escola das meninas estava de aniversário por isso elas tiveram um tipo de festa, cada família colaboraria com alguma coisa, eu gastei o dobro. Não, não estávamos mal de dinheiro porque eu tenho uma poupança para caso faltasse alguma, mas eu realmente odiava mexer naquele dinheiro guardado, pois era das meninas, para caso alguma urgência acontecer.

- Bella? O que foi? – olhei para frente, tirando o rosto dentre as mãos. Anne estava parada a minha frente, com a meia grossa até os joelhos, o short curto e a blusa branca de magas compridas.
- O que faz acordada a essa hora? – perguntei.
- Ouvi um barulho lá do quarto. – se aproximou de mim, colocando o braço em meu ombro, passei um braço em volta da sua cintura. – Aconteceu alguma coisa? – perguntou docemente, com toda aquela inocência infantil que exalava dela.
- Não, amor. Não aconteceu nada, esta tudo perfeitamente bem. – seu rosto ficou mais perto do meu.
- Mentira sua, se fosse verdade esses papeis não estariam no chão, vai, me fala, o que aconteceu?
- Anne, são problemas que eu vou resolver, você não tem que se preocupar, agora vai deitar que ta frio, eu vou indo também, daqui a pouco. – falei.  Ela permaneceu me encarando, o cabelo escuro estava um pouco comprido, já passava bastante de seu ombro, na metade das costas, a franja estava num tamanho bom porque eu havia a levado para cortar a pouco tempo, porque se não estariam praticamente escondendo seus olhos.
- Eu só queria te ajudar. Eu sei que a gente dá trabalho, e você ta assim por causa das contas. – tomei fôlego antes de voltar a falar com ela. Eu sempre me cuidei em questão a falar de contas perto delas, aquilo era uma preocupação que eu deveria tomar, não ela.
- Como... porque pensa isso?
- Ouvi você no telefone com o tio Jake algumas vezes. – murmurou convicta. – E também já ouvi você brigando com ele algumas vezes quando ele vem aqui, acho que ele tem razão, sabe.
Eu estava odiando aquilo. Anne não tinha que saber de nada. Eu mataria Jacob se ele tivesse falado alguma coisa para ela, porque, lá no fundo, eu sabia ao que ela se referia.
- Com o que você concorda?
- Uma vez ele disse que cuidar da gente era um peso muito grande para você, que é tão nova. – engoli em seco, ela falava aquilo com os olhos baixos, que a minha única reação ao ver minha pequena tão frágil, foi puxá-la para o meu colo e apoiar meu queixo em sua cabeça.
- Anne...
- Não, deixa eu falar. Eu lembro daquela noite, Bella, que você pegou a Kris. Lembro pouco, mas lembro. Sabe, o tio Jake disse uma vez para você que poderia ter deixado a gente com algum outro parente, que assim você poderia estudar. Fazer alguma coisa além de cuidar de nós. E você gritou com ele, disse que era para ele calar a boca e não se meter nos seus assuntos. Como ta fazendo agora.
- Amor, entenda, tio Jake nunca quis ser malvado com vocês.
- Eu sei, Bella...
- Ele só pensa diferente de mim. Você ta certa, to brava por causa das contas. Mas todo mundo tem contas, uma vez a mamãe disse que quem não faz conta não adquire as coisa, e é verdade. Eu quero dar o melhor para vocês. Sempre. E quanto ao que ouviu do tio Jake, eu jamais as deixaria. Sou segundo plano perto de vocês, que são a minha prioridade para sempre. Eu to pouco me lixando se sou nova ou não. Sabe de uma coisa?
- O que?
- Eu poderia ter 50 anos, e não seria feliz sem vocês. – ela balançou a cabeça, num gesto de quem ta entendo alguma coisa. – E eu também poderia ser mais nova que a Kris, e ter vocês, que seria a pessoa mais feliz do mundo. – Anne riu. – Entende o que eu quero dizer? Minha felicidade depende se estão comigo, se estão bem. O resto é só um complemente. – ela assentiu.
- Mas em relação a isso? – apontou os papeis no chão. – É muita conta? – ri.
- Não, não é muita conta. – e não era mesmo, eu conseguiria levar, só que gastamos um pouco a mais nesse mês, mas eu não disse isso para ela, claro.
- Posso acreditar? – perguntou me encarando?
- Pode. – respondi sem hesitar. Levantei da cadeira com ela no colo, e fui para o meu quarto, invés do delas.
- Sabe de uma coisa? Quero minhas garotas comigo essa noite. – deixei Ann na cama e fui ao quarto ao lado buscar Krissy, ela se remexeu quando a tirei do quente, pás permaneceu dormindo e me chamando, deitei no meio delas, como de costume, e feito dois carrapatos, elas se agarraram em mim, e dormiram.
Anne me fez lembrar das várias vezes em que conversei com Jacob. No começo, ele me dizia que eu poderia estragar minha vida, que eu poderia estar fazendo uma burrada. Mas eu não me importei. E se nesse tempo todo eu havia feito alguma burrada, foi a melhor de todas.
(...)
- Hi... quanto papel. Mãe... posso usar para pintar? – ri, correndo até a cozinha onde Kris estava, e rapidamente tirando os papais do chão, já que a noite eu não os havia guardado.
- Não, amor. Esses são importantes. Eu te dou outros papeis depois, ta?
- Ta. – sussurrou.
Sentamos as três na mesa, servi nosso café e comemos em silencio, quando deu o horário da escola, começou o choramingo.
- Ah... mamãe, eu não queio ir.
- Porque, não, filha? A escola é legal. – tentei animá-la.
- Não é não. Só tem gente chata. E eu cansei de brincar com massinha de modelar. Deixa eu ficar, deixa? – ri dela, e toquei o bico em seus lábios com as pontas dos dedos.
- Não amor, depois, quando você precisar faltar, não vai poder porque faltou hoje sem necessidade.
- Então vai me buscar mais cedo? – tentou outra vez, ri.
- Não mesmo mocinha, agora fique quietinha e suba no carro. – não que desse para chamar minha velha picape de carro. Mas ela era bem útil. Prendi Kris na cadeirinha e Anne no cinto. Liguei o carro e dirigi para a escola. Chegamos em mais ou menos uns sete minutos depois de sair de casa. Como Anne estava numa série mais avançada, entrava antes que Krissy, andei com ela até a sala de aula. Dei-lhe um beijo na testa.
- Até mais tarde, amor. – murmurei.
- Até, Bella. – as do corredor onde ficava a segunda série. E atravessei o pátio, indo para a pré-escola. Várias crianças brincavam ao redor, esperando seus professores para poderem entrar nas salas de aula.
- Aqui é tãaaao chato. – resmungou. Apenas ri.
- Não seja mau-humorada, amor. Você deve ter muitos amigos aqui. E a Nina? – ela bufou.
- A Nina não vai vim essa semana.
- Porque?
- Os pais dela foram viajar e ela foi junto, eu te falei isso, mãe.
- Desculpe, a mamãe esqueceu.
- Percebi. – resmungou. – eu não sabia se ria ou chorava diante daquele tom resmungão. Estávamos chegando perto de sua sala de aula, as mãos de Kris grudadas na minha.
- Mas e seus outros amigos?
- Eu não tenho outros amigos.
- Como não?
- Mãe... você sabe que eu sempre brinco com a Nina, é só nós duas. Mais ninguém, e agora eu vou passar a semana sozinha. – fez manha. Ta, ela sabia perfeitamente como me deixar com pena e culpada. Mal percebi que já havíamos chegado na porta da sala de aula, e a professora nos esperava com um sorriso.
- Krissy, entra amor. – ela olhou para mim, pedindo para voltar para casa. Encarei a professora.
- Ah... sabe, ela não veio para a aula hoje, viemos apenas avisar que Kris tem médico daqui a pouco, por isso vai faltar. – sério, eu odiava mentir.
- Mas esta tudo bem com ela? – perguntou preocupada.
- Sim, são apenas exames de rotina.
- Ah... tem toda razão em fazê-los, Srt. Swan. Então até amanha, Kris. – ela sorriu vitoriosa para a professora, e pulou comeu colo, suas pernas envolveram minha cintura, e seus pequenos braços, o meu pescoço, depositou um beijo em meu rosto.
- Vamos para casa, sua chorona. – ela riu.
POV. Edward
- Alô. – murmurei ainda um pouco sonolento.
- Sr. Cullen? Aqui é Mark. Detetive Mark.
- Ah... sim. Como vai, Mark? – fique apreensivo. Para ele ligar, tinha um motivo. Mark era um dos detetives que coloquei atrás de minha filha.
- Bem, obrigado. Tenho noticias, senhor. – ele pausou. – Tem um orfanato em Port Angeles. Ele sofreu um incêndio a quase quatro anos atrás. – ele parou outra vez.
- E o que mais? – eu estava tenso, coisas assim me deixavam nervoso, porque ao mesmo tempo que eu poderia ter uma pista concreta sobre minha filha, eu poderia ter uma decepção.
- Três pessoas desaparecidas e uma morta.
- Morta?
- Sim. Um garoto de 14 anos morreu, não conseguiu escapar, infelizmente. E três meninas sumiram.
- Que meninas?
- Ainda não consegui com que e dissessem os nomes. Vários dos arquivos foram perdidos no incêndio. E como eu pedi eles estão fazendo uma busca para ver se acham esses três arquivos, mas pode demorar alguns dias.
- Mas... há alguma chance de... – ele não deixou que eu terminasse, pois sabia qual era a minha duvida.
- Sim. Uma dessas meninas tinha 15 anos. A outra tinha 4. E a terceira era um bebê de mais ou menos 6 meses de idade.
- Quando foi esse incêndio? – perguntei.
- Foi em Maio. – meu coração parou. Ele disse que a bebê desaparecida tinha uns seis meses, em Maio, a quase quatro anos atrás, minha filha teria sete meses.
- Há chances de estarem vivas? – tentei me manter o mais calmo possível, o que era muito, muito difícil, meu coração estava acelerado, nunca tínhamos chegado tão perto.
- Sim. Não foram encontrados os corpos, vivos ou mortos, cremados ou não. As madres do orfanato acham que elas podem ter fugido, já que as duas mais velhas eram irmãs.

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