Mil Pedaços - Capítulo Três

POV. Bella
Aquela era, com certeza, a hora que eu mais odiava no dia. Era domingo, e estava próximo da hora de Edward ir para casa, estávamos os três parados do lado de fora do apartamento, e ele tentava a todo custo se despedir de Luce, mas toda a vez que ele tentava acalmá-la, seus gritos e choro se tornavam cada vez mais desesperados.

– Filha, por favor, o papai promete que vai voltar, não chora... – ela mau entendia, apenas continuava com o choro compulsivo, seu pequeno corpo tremia em meus braços, os soluços cada vez mais audíveis. Seu rosto branquinho, agora estava vermelho e molhado. E eu odiava ver meu bebê daquele jeito.
– Não deixa eu, papai... não deixa. – ela se inclinava em sua direção, mas se Edward a pegasse agora, ela não largaria mais. Totalmente acostumada com aquilo, apenas fiquei quieta.
– Mas eu vou voltar, amor. Amanha bem cedinho. – mentira. Quando ele ia embora no domingo, o mais cedo que voltava era na segunda, bem tarde, e Luce já estava dormindo, quase sempre, pelo menos. E isso só servia para ele dar um beijo nela e nada mais. Porque quando o assunto não era Luce, nós mais tínhamos assunto um com o outro.
Meus pensamentos foram quebrados quando o choro ficou mais intenso. Me olhando como se pedisse ajuda, Edward tentou mais uma vez acalmá-la, mas aquilo só a irritou, fazendo com que batesse os braços contra o próprio corpo. Vendo que nada mais seria útil, ele a tomou de meus braços, entrando no apartamento e sentando-se no sofá. Sentou Luce em seu colo, de frente para si, ela se agarrou a ele igual a um carrapato. As perninhas em sua cintura, e os braços segurando com toda a força que tinha em seu pescoço.
– Eu vou voltar, amor. Prometo. – sussurrava em seu ouvido quando o choro ia diminuindo. – Sabe que o papai não mente para você. Seja uma boa garota com a mamãe, que quando eu voltar, te trago um presente bem bonito.
– Pomete? – ele riu, tocando as bochechas molhadas.
– Prometo. Mas vai ser uma boa garota? Vai ficar aqui com a mamãe? – Luce me olhou, aqueles olhos verdes me chamaram, atravessei a sala e sentei-me ao lado de Edward. Luce deixou parte do corpo no colo dele – a cabeça encostada em seu peito – e parte do corpo encostado no meu – suas pernas em meu colo.
Toquei em seus pés descalços, tirando alguns baixos risos.
– Vai ficar comigo? – me perguntou.
– Claro que sim, sempre fiquei e sempre vou ficar. – toquei a ponta de seu nariz.
Tentei pegá-la, mas ela se esquivou, agarrando-se a Edward. Claro que ela não viria comigo, pois sabia que assim que o fizesse, ele ia ir.
– Luce, o que conversamos? – perguntou, ela pareceu considerar, olhou para ele daquele jeito pidão que só ela sabia fazer. – Vou voltar. – sussurrou.
Na minha opinião, Luce sempre o que acontecia entre mim e Edward. Tudo bem que ela podia ter uma ligação forte com o pai, mas todo esse escândalo que ela fazia sempre que Edward ia embora, não achava que isso fosse algo normal. Várias vezes considerei levá-la a um médico. Mas Edward sempre foi contra. Dizendo que ela era apenas um bebê.
Assim que ela passou para o meu colo, Edward levantou, se despediu dela e de mim e rumou para casa. Para a casa dele.
(...)
Passar os dias com minha filha nunca fora uma coisa ruim. Eu lembro como, no começo, eu me sentia perdida, com medo de machucá-la ou fazer alguma coisa errada. Por isso Edward contratou uma pessoa que pudesse me ajudar durante a gestação e depois que o bebê nascesse. Alguns meses depois, quando eu me sentia confiante o suficiente, capaz, para tomar conta de minha filha, nós a dispensamos.
E as coisas ficaram mais fáceis então, bom, até certo ponto. Eu sempre me sentia muito sozinha, com exceção de Alice, uma amiga minha da escola, que sempre esteve comigo. Ela quase nunca vinha ao feriados ou fins de semana, porque sabia que era um tempo que eu tinha – o único tempo – para Edward e Luce.
Durante a semana toda era praticamente apenas nós duas. Edward nunca me deixou trabalhar, dizia que era um absurdo eu deixar Luce sozinha, tão pequena. Quando sugeri a idéia de uma creche, ache que ele ia me bater. Claro, nem tanto, mas ele ficou, definitivamente, furioso comigo.
Terminei meus estudos com 9 meses de gestação, e no dia da minha formatura, eu estava numa sala de parto.
Edward chorava ao meu lado. E mesmo assim, eu me sentia sozinha de alguma forma. Estava sendo diferente de como eu achei que seria. Com meus pais esperando do lado de fora, os parente do meu marido. Todo mundo ansioso e feliz pela chegada da minha bebê, quando, na verdade, Alice esperava do lado de fora, e Edward estava comigo na hora da cesariana, tive complicações, a dilatação não era suficiente para o bebê nascer, e a cesariana foi feita as pressas.
Mas então eu vi Luce. Nada no mundo se comparava a aquela emoção. Mesmo tendo só 15 anos, eu sentia que aquele vazio tinha ido embora, e no lugar dele havia um amor que me dominava de uma forma sem igual.
Quase sempre eu era pega pensando nessas coisas, e só voltava para o tempo real quando Luce exigia minha atenção, como foi o caso agora.
(...)
POV. Edward
– Não passou o fim de semana em casa filho. – meu pai falou, era segunda-feira de manha, e estávamos todos reunidos na mesa, meu irmão, e meus pais. De alguma forma, me senti apreensivo por vê-los todos juntos, pela manha mal nos víamos, o horário quase nunca batia.
– Pois é, eu estava com... hum... uma garota. – eles riram.
– Porque não a trouxe para cá?
– Mãe, já te falei. É sempre coisa rápida, passageira.
– Não consigo entender isso, no meu tempo, a gente só beijava depois de casar, sexo então... – só assenti, voltando a olhar no rosto de cada um. Emmett tinha 26 anos, era alto, e forte. Tinha um cabelo preto que podiam deixá-lo com uma aparência assustadora, mas era só conhecê-lo melhor para saber que ele sempre teve um coração de pedra... de açúcar.
Depois tinha meus pais. Carlisle e Esme, eram pessoa tão boas, tão compreensivas, que só de olhar para eles eu tinha pena, de mim mesmo. Será que eu não estava sendo covarde em não contar sobre Luce? Eu estava com medo de perder a minha vida boa, e não em garantir a dela? Não... não podia ser isso. De alguma forma eu sabia que tinha mudado, Luce fez isso comigo. Eu sabia que não era mais aquele moleque irresponsável de poucos anos atrás. E concluindo isso, eu soube porque estava apreensivo em vê-los todos juntos. Era uma boa oportunidade, porque o que eu tinha a contar, não poderia esperar mais.
– Mãe. Pai. Emm. – chamei. – eles tiraram a atenção de seus cafés da manha. – Tenho algo a contar para vocês. Algo muito sé... – e meu celular tocou, xinguei mentalmente, justo agora? Olhei rapidamente no visor. Bella.
Fiz um sinal para minha família esperar, e atendi. Nem tive tempo de dizer alo, pois sua voz angustiada e chorosa encheu meus ouvidos.
– EDWARD? É A LUCE. EU... NÃO SEI O QUE ACONTECEU, ELA VOMITOU A NOITE, TEVE FEBRE. NÃO SEI O QUE FAZER, A TROUXE PARA UM HOPITAL, PEGARAM-NA PARA FAZER EXAMES E SEQUER ME DEIXARAM IR JUNTO. – ela gritava, totalmente desesperada, seus soluços eram altos.
– Bella. Pelo amor de Deus, me diz o que aconteceu? – tentei manter a calma, mas tudo o que ela me dizia sobre terem levado minha bebê voltavam a minha mente. E se a estivessem machucando?
– Eu não sei... – sussurrou. – Ela nunca teve nada, Edward. Os últimos exames de rotina disseram que ela estava bem. – sua voz morreu.
– Me diz em que hospital você está. – ao ouvir essa palavra, minha família automaticamente se remexeu, inquieta.
– É o hospital que ela tem o plano de saúde, que você a colocou como dependente. Sequer lembro o nome, só venha para cá, por favor...
Eu levantei, correndo. Bella desligou logo em seguida.
– O que foi, Edward? – minha mãe perguntou. Mal tinha notado lágrimas em meus olhos, mas não me importei com isso.
– Vão para o hospital da cidade. Explico tudo lá.
Não seria da forma que eu queria. Mas agora minha menina precisava de mim, eu precisava ir ajudá-la. Luce precisava de mim como ninguém jamais precisou. Bella precisava de mim.

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