Mil Pedaços - Capítulo Um

POV. Edward
– Vai sair filho?
– Ah... vou sim mãe, um encontro com uma garota. – bem, não era totalmente mentira.
– Tem um tempo que não traz alguém para a gente conhecer. – eu ri.
– Mãe, nunca trouxe alguém para vocês conhecerem. Agora deixa eu ir, e talvez eu não durma em casa.
– Quase todos os fins de semana é assim Edward, quando você não dorme em casa, chega tarde da noite. – o que eu posso fazer se, quando eu dou toda a minha atenção, Luce dorme tarde? É lógico que minha mãe não precisava – ainda – saber disso.
Dei nos ombros.

– Só se cuide, então, ok? E tome cuidado. – voltei alguns passos para dar um beijo em Esme, e depois sai. Tirei meu carro da garagem e o mais rápido possível dirigi até o apartamento onde Luce – minha filha de recém dois anos completados – e Bella, moravam.
Duas semanas depois que ela me contou que estava grávida, eu achei o apartamento perfeito, onde elas moravam desde então. Comecei a trabalhar no hospital com meu pai, e logo minha vida estaria totalmente perfeita – financeiramente – e então eu sairia da casa de meus pais e chamaria as duas para morar comigo e, finalmente, contaria a meus pais sobre Luce.
Estacionei o carro na frente do apartamento, depois eu voltaria para colocá-lo na garagem, não via minha garota a um dia e estava morrendo de saudades, as horas que eu ficava com ela ao telefone não compensavam. Passei pelo porteiro e ele sorriu pra mim, acostumado a me ver sempre ali, mesmo assim, ainda haviam pessoas que eu era algum tipo de amante de Bella, por estar ali, geralmente nos fins de semana. Peguei o elevador e apertei o 4. Quando cheguei no quarto andar apertei a campainha e logo uma Bella de shorts e blusa curta apareceu.
Com uma expressão nada surpresa ela me deu passagem.
– Oi. – sussurrou.
– Oi. – murmurei, me aproximando para beijar sua bochecha, depois de Luce, eu e Bella nunca mais tivemos nada. Não sei exatamente porque, já que eu sabia que não era apenas Luce que nos conectava. De algum modo, aquele fogo de adolescentes havia passado, e no lugar dele tinha ficado... não sei.
– Onde esta Luce? – perguntei.
– São sete e meia Edward, adivinha? – nós rimos. 19:30 era uma hora sagrada para Luce, mesmo ela nem sabendo ver o horário, era como se ela sentisse, e sempre, nesse horário, pedia “mamá”. Entrei na sala e a enxerguei de vestido, o cabelo solto, a cabeça no braço do sofá e as perninhas levantadas com a mamadeira na boca, e com a outra mãe ela segurava o controle remoto – como se entendesse – os olhos fixos na TV que passava um filme da Barbie.
– Bella, eu ainda não vi a minha princesa. – brinquei. – Você sabe onde ela está? – assim que ouviu minha voz Luce virou o rosto, atirou a mamadeira em qualquer lugar e mesmo descalça pos os pés do chão e se apoiou no sofá, as mãozinhas freneticamente me chamando.
– Papai. – em seu curto vocabulário, papai e mamãe, eram as palavras que ela mais falava. Andei até ela me agachei, ficando a sua altura, passei meus braços por seu corpinho e levantei.
– Eu estava com tantas saudades do meu bebê. – beijei sua testa e suas bochechas. Ela riu, jogando a cabeça para trás, os cabelos dourados – iguais aos meus – caíssem para trás em cachos. Ficamos assim por algum tempo, só nós dois. Bella apenas observava. Ela entendia que, logo quando eu chegava, eu queria Luce só para mim por alguns instantes. – Como foi o seu dia? – perguntei, roçando meu nariz no dela, como não sabia falar, Luce apenas ria. Nos sentei no sofá, onde Bella estava.
– Desculpe, eu não pude vir ontem. – falei.
– Eu sei, Edward, você me disse por telefone. – sorri.
– Não gosto de ficar um dia longe dela.
– Você tinha prova, nós entendemos. – ela não entendia, não. Mesmo tentando esconder de mim, eu sabia que Bella nunca entenderia o fato de o porque eu não contava sobre Luce aos meus pais, já que ela contou pros dela. Era esse o meu medo. Os pais de Bella a mandaram embora de casa, se meus pais fizessem isso, eu também seria demitido do trabalho, já que meu pai era o meu chefe. E de que jeito eu as sustentaria? Mas, se toda a vez em que conversássemos esse tópico fosse aberto, nós acabaríamos discutindo e Luce cairia no choro, assustada, como aconteceu algumas vezes.
– Que bom. Você esta muito cansada para sairmos hoje? Levar Luce para jantar fora, tomar um sorvete? – Bella riu.
– Ficaria cansada de que Edward? Eu não faço nada desde que acabei os estudo, Luce é um anjo, não me cansa nem nada. Se você quiser, a gente vai. – assenti. – Então nós vamos tomar banho, não é, filha? – ela riu. – Você já esta pronto?
– Não, na verdade, preciso tomar um banho, só cheguei da faculdade e vim direto pra cá. – ela tirou Luce do meu colo.
– Usa o banheiro do quarto, eu uso o outro com a Luce.
– Ta. Mas não precisa ser agora, ainda é cedo, se você quiser a gente pode ir lá pelas nove.
– Você vai dormir aqui? – ajeitou nossa filha no colo.
– Aham.
– Ta... então nós vamos tomar banho e depois a gente vai, ta bom assim?
– Claro.
POV. Bella
Admito que, as vezes, não sei exatamente como agir perto de Edward. Ele tão alguma coisa que me deixa tão nervosa, ansiosa. Sempre foi assim, acho que talvez por isso, tenhamos uma filha hoje.
Peguei uma roupa para mim e para Luce e fui para o banheiro. Como já tinha dois anos, Luce conseguia ficar firme no chão, mesmo se apoiando em alguma coisa, no banho, no caso, eram as minhas pernas. Tirei nossas roupas, a coloquei pertinho de mim e liguei o chuveiro, ela deu um gritinho quando a água tocou seu corpo e se agarrou ainda mais em minhas pernas, a peguei no colo, rindo.
– A mamãe não vai te machucar amor. – ela riu, me soltando um pouco. – Vamos passar o shampoo no cabelo de uma princesinha agora? Eu tenho alguma por aqui? – eu adorava que, mesmo não entendendo nada do que eu falava, Luce ria. Quando acabei o banho dela, a coloquei enrolada na toalha e sentada no tapete felpudo que tinha no chão do banheiro.
– Espera quietinha aqui que a mamãe vai tomar banho, ta? – sem esperar ouvir resposta, voltei para o chuveiro e tomei um banho rápido, sempre conversando com Luce para que ela não fizesse alguma coisa que poderia machucá-la.
Quando terminei, peguei uma outra toalha e me enrolei para vestir Luce. Eu tinha escolhido um vestido azul clarinho para ela, uma meia calça branca bem fininha, só pra ela não ficar de pernas de fora, um sapatinho da mesma cor da meia, e deixei seu cabelo apenas com uma presilha.
– Edward. – chamei da porta, escondendo todo o meu corpo, colocando apenas a cabeça para fora, pela demora, pensei que ele ainda não tinha saído do banho.
– Desculpa. – levantou o celular. – Tive que atender. – assenti.
– Pega Luce pra mim poder me vestir?
– Ta. – peguei Luce e a coloquei no colo dela. Ela resmungou.
– A mamãe só vai se vestir e já vai com você, ta? – mesmo com os resmungos mal-humorados dela, fechei a porta. Não sabia onde Edward nos levaria, por isso coloquei uma saia de cintura alta preta bem simples, uma blusa branca e uma sapatilha também preta com um salto bem baixinho, caso saímos para um lugar mais “infantil” com Luce, nada me impediria de poder correr atrás dela como eu sempre fazia. Deixei meu cabelo solto, os cachos nas pontas – que Luce herdara – não estavam fora do lugar como estavam geralmente.
Sai do banheiro e fui direto para a pequena aérea de serviço que a gente tinha no apartamento e deixei as roupas sujas por lá.
Fui para a sala, onde, provavelmente, Edward estava com Luce. Mas me enganei, andei até meu quarto, onde os encontrei.
Edward estava penteando o cabelo, Luce em cima da cama brincando com a toalha onde, provavelmente, ele havia se enrolado.
– Sabe, filha. – começou. – A vida do papai ta uma bagunça, estou nos meses finais da faculdade e com isso tenho tanta prova, tem também o trabalho, é uma responsabilidade enorme trabalhar no hospital, seu vovô confia bastante em mim. – ele sorriu. – Logo você vai conhecer o seu vovô. – meu coração deu um salto. Então ele tinha mesmo vontade de mostrar Luce para a família dele. – E a sua vovó também, claro. Mas voltando, com tanta coisa pra fazer, vai ficar mais difícil arrumar tempo pra te ver e ainda estudar. Eu não gosto disso, sabe. Me sinto culpado em não te ver, por isso, você me perdoa? – ainda sem me ver, ele se virou e andou até ela na cama, segurou sua pequena cintura, a fazendo rir. – Perdoa esse cara irresponsável que te ama muito? – a beijou. Os vendo assim, me senti culpada por, as vezes, sentir raiva de Edward, eu sentia uma raiva danada por ele nos tratar como se fossemos foragidas da policia. Permaneci ali, parada, que nem notei quando Edward me chamou.
– Esta parada ai a quanto tempo?
– Pensa mesmo em mostrar Luce para a sua família? – fui direta. Ele suspirou, me puxando para sentar na cama, por mim, não precisávamos conhecer a família Cullen, bem, eu conhecia. Mas eu não queria que Luce crescesse e me perguntasse porque o pai só a vinha ver os finais de semana ou no fim do dia.
– Eu te disse que sim, Bella. E hoje, quando tava vindo pra cá, passei por minha mãe e ela perguntou onde eu ia, eu disse que ia sair com uma garota, o que não era mentira. – riu. – Mas eu não quero mais isso. Quando a faculdade acabar e eu tiver mais tempo, vou procurar um lugar pra mim e mostrá-las a minha família. – assenti.
– Que bom, isso vai ser muito bom mesmo para Luce. Poder te ver com mais freqüência.
– Eu sei, mas agora vamos? Eu to morrendo de fome. – nós rimos, Edward pegou a chave do carro, peguei um casaquinho branco para Luce, caso esfriasse e entramos no carro.

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