Destinos Cruzados - Capitulo Quatro


- Mãe, no meu aniversário pode ter aquela coisa que teve no da Anne? – Krissy perguntou enquanto estávamos deitadas as três em minha cama, eu, no meio delas.
- Que coisa, Kris?
- Aquela coisa grande que pula.
- Ah... ela ta falando da cama elástica, Bella.
- Hu... eu não sei amor, mas as coisas estão melhores, a gente pode fazer sim.
- EBA! Eu quero a cama elatica.
- É elástica.

- E qual a diferença? – eu ri, Anne também.
Eu falava sério quando dizia que as coisas estavam melhores, financeiramente. Meu trabalho era suficiente para nós. Como completei 18 anos a pouco tempo, eu podia mexer na poupança que meus pais fizeram para mim quando era menor, e Anne, mais tarde, poderia mexer na dela, que não era tão grande, mas ainda assim.
Eu lembro de como tudo foi tão difícil no começo, penso em como as coisas poderiam ter sido diferente se, em todas as vezes que eu precisei de algo, Jacob não tivesse me ajudado. Teve também vezes em que meu lado adolescente aflorava, teve uma vez que eu fiquei alucinada porque um de meus cantores favoritos tinha lançado um novo CD, e eu queria aquilo, muito. Kris tinha pouco mais de um ano e Anne acabado de completar cinco. Eu fiz de tudo para poder comprar, troquei a frauda de Kris, comprei a mais barata, que no fundo, eu sabia que a prejudicaria, mas mesmo assim eu não voltei atrás, comprei o bendito CD, e por algum tempo Kris usou a frauda ruim. O resultado foi ela toda assada, mas assada mesmo, o bumbum todo machucado, e eu me odiava quando a pomada que eu passava ardia nela, eu quebrei aquela droga de CD, a levei no médico – o que me receitou a pomada – e por um tempo torturante, dar banho nela, trocar a frauda, ver o rostinho assustado sempre que me via encher a banheira ou com a pomada na mão, foi a coisa mais torturante da minha vida. Mas eu aprendi, eu nunca mais pensaria em mim antes delas, eu podia passar fome, mas as minhas meninas teriam sempre o melhor, e assim eu fiz. Tantas vezes deixei – ainda deixo – de comprar algo para mim para poder dar a elas, e é o melhor que eu faço, sempre, eu não poderia me arrepender. E ver o sorriso de Anne quando eu disse que em sua festa de sete anos poderia ter a cama elástica, foi uma coisa impagável, claro que Kris ficou chateada porque no aniversário de três anos dela eu fiz algo bem pequeno, mas naquela época eu ainda não podia me dar ao luxo de gastar com o desnecessário, mas agora ela poderia ter uma festa melhor.
Sorri enquanto as observava, as duas com as cabeças em cada lado de meu peito, Anne sorria tão abertamente que aparecia o espaço “vazio” de seu primeiro dente caído da frente. Kris sorria com aquela ingenuidade infantil que era só dela, os olhos verdes brilhavam, beijei a cabeça de cada uma e acariciei seus cabelos – com cuidado para não machucar ainda mais o pulso.
- Não acham que é melhor ir dormir? – perguntei.
- Ahh mamãe, a gente quer domir com você. – não me dei ao trabalho de corrigi-la.
- É, Bella, só essa noite.
- Ah... ta bom, mas só essa noite, não vão se acostumando, hein. – elas riram enquanto eu apagava a luz do quarto de ligava a TV, elas não gostavam de um quarto totalmente escuro.
(...)
Com alguma dificuldade, preparei o café da manha das duas. As ajudei a se vestirem e escovar os dentes, depois de as deixar na escola, fui para o meu trabalho. Anne me ajudou bastante, dizendo que já era grande e, por isso, prendeu Kris na cadeirinha. Quando cheguei no trabalho, a cara de Rosalie não podia ser de mais surpresa.
- Menina, o que aconteceu com o seu pulso?
- Eu quebrei. – respondi.
- E fala isso com a maior naturalidade? Mas me diz, o que esta fazendo aqui? – a encarei, o cenho franzido.
- Como? Vim trabalhar, como sempre, você está bem?
- Claro que eu estou, ma você não, volte para casa, esta dispensada pelas próximas duas semanas?
- O QUE? DE JEITO NENHUM. Eu tenho que trabalhar.
- Olha, pelo que me informaram, eu ainda sou sua chefe, e estou dizendo que você esta dispensada pelas próximas duas semanas ou até quando precisar que esse pulso melhore.
- Mas eu estou bem, consigo trabalhar.
- Rose...
- Sem, Rose. Faça o que eu estou mandando. E não se preocupe, eu peço para alguém buscar as meninas na escola esses dias.
- NÃO. Isso não, sério, obrigada, mas elas não vão querer vir com um estranho, posso dirigir, fiz isso agora mesmo, sério, Rose. – ela riu.
- Tudo bem, tudo bem. Mas se precisar de alguma coisa é só ligar, agora... – ela pegou minha bolsa e me passou-a. – trate de ir para casa. – lhe dei um sorriso e murmurei um “obrigada”, depois me virei para ir embora, na porta, ouvi Rose me chamar.
- Sim?
- Dave não parou de me pedir para ir na sua casa, tem um parque na cidade, ele chegou a poucos dias, seria um abuso meu pedir para você e as meninas irem com a gente? Sabe, por eles? – eu via o nervosismo estampado no rosto dela, eu entendia aquilo. Ela não queria que o filho se sentisse sozinho e se tornasse uma pessoa triste, como eu mesmo muitas vezes tive medo. E até sabia desse tal parque, Anne tinha pedido para ir e eu disse que pensaria.
- Claro que vamos. É só me dizer a hora e o dia. – e nós marcamos para o final de semana as sete da noite, seria num sábado, muito bom, as meninas não teriam aula por isso poderiam dormir até tarde no domingo.
...
Contar que iríamos ao parque foi impressionante. As duas pulavam, gritavam, pegaram até lápis e caneta para fazerem uma lista dos brinquedos que queriam ir.
As deixei naquela euforia e fui tomar um banho, e parecia uma louca rindo enquanto me lembrava do tombo constrangedor.
POV. Edward
Meu sobrinho estava em casa. Eu adorava aquilo. Dave muitas vezes me salvava de poucas e boas. Era bom tê-lo por perto, me fazia sentir melhor em relação a minha filha.
Dave e eu jogávamos videogame na sala, eu, claro, o estava deixando ganhar, e isso o fazia dançar uma coreografia ridícula de vitória que Emmett – meu irmão mais velho – o tinha ensinado.
- Dave, isso foi tãao gay. – ri.
- O que é gay, tio?
- Edward. – minha mãe repreendeu.
- O que? Nem fiz nada.
- Pare de dizer essas coisas na frente do menino.
- Tio, o que é gay. – insistiu. Minha mãe levantou do sofá onde estava sentada e me deu um tapa na nuca, no mesmo instante, Rosalie chegou.
- Dave. – chamou. O garota saiu correndo até ela, e eu me sentia maravilhado vendo os dois, e me perguntava se um dia eu poderia ter momentos como aquele. Onde eu chegaria em casa depois do trabalho e minha filha correria até mim, pularia em meu colo e me enchia de beijos, exatamente como Dave. – A mamãe falou com a tia Bella hoje, e sabe o que ela disse?
- O que?
- Que ela e as meninas topam ir ao parque com a gente no fim de semana, viu que legal. – o menino deu mais uns gritos de felicidade, Rose entrou na casa, beijando minha mãe e a mim.
- E cadê o meu marido?
- Trabalhando. – Alice, que descia as escadas, respondeu.
- Emm trabalha demais. – eu ri.
- Até parece, ele só esta assim porque acabou de chegar na cidade, mas depois disso, posso apostar que ele vai ficar em casa praticamente o dia todo. – e uma almofada voou em mim, e uma Rosalie de língua pra fora me olhava. Dave riu, seu rosto logo voltando a ficar sério.
- Mamãe, o que é gay?
POV. Bella
- Mamãe, hoje já é sábado. – ri.
- Não, querida, ainda não é sábado.
- Mas quanto tempo falta para ser sábado, então? Porque demora tanto?
- Kris, você precisa ter paciência, as coisas não acontecem na hora que a gente quer.
- Eu não goto de esperar.
- Ninguém gosta.
...
- Bella, porque a gente precisa colocar tanto casaco? – sério, eu estava começando a ficar doida com tantos “Porque eu preciso disso?” “Porque não aquilo?”
- Meninas, por favor, me ouçam. Eu faço, sempre, o que é melhor para vocês. Se quiserem sair logo, por favor, se apressem.
- HOJE JÁ É SABADO? – Kris gritou do banheiro.
- SIM. – gritei de volta.
Ah... droga, Kris estava no banheiro, SOZINHA. Larguei o cabelo de Anne e corri para o banheiro, onde eu havia deixado Kris se secando, quando cheguei lá, ela estava de blusa e calcinha.
- Viu, mãe, eu já sei me vestir sozinha.
- Aham. – murmurei, desvirando a blusa e a calcinha.
- Mas tava certo. – falou.
- Não amor, tava virado. Depois a mamãe te ensina certinho, ta? Mas agora precisamos ser rápidas. – até onde pudermos com o meu braço.
Depois de vesti-la com um vestido de inverno rosa clarinho e uma meia calça grossa branca, eu pus uma botinha de cano curto da mesma cor do vestido. Faltava só o cabelo. Voltando para a sala, voltei a pentear o cabelo de Anne, terminei de arrumar a calça jeans nela, a bata azul e uma tiara no cabelo, ela calçou o All-Star branco e queria me matar quando a mandei vestir o casaco. Voltei para Krissy, terminando com o cabelo, o deixei solto também, ela parecia um anjinho com aquele cabelo dourado cacheado e de vestido rosa. As deixei sentadas na sala e fui para o meu banho, vestindo também uma calça jeans, uma blusa azul, All-Star e um casaco, só prendi o cabelo.
Quando meu relógio marcou 19:15h já estávamos as três prontas, quando meu celular tocou.
- Bella? Sou eu, Rosalie?
- Ah, oi.
- Só para avisar que já chegamos, estamos em frente a montanha-russa.
- Tudo bem, estamos saindo de casa. Logo estamos ai.
- Certo, meu cunhado passou de nos encontrar mais tarde, tudo bem para vocês.
- Claro, sem problemas.
- É, isso, até logo então. – me despedi e desliguei.
Coloquei as meninas no carro e seguimos ao tal parque, as duas, eufóricas e ansiosas pela diversão.
...
Eu ria horrores vendo o marido de Rosalie e divertir com as crianças, estávamos nós duas na fila da pipoca, bem em frente ao “Aviãozinho” onde Emmett e as crianças estavam.
- É um bebêzão, né? Dave o adora. – ri.
- Ele é bem divertido.
- Bella. – virei para trás, uma Anne risonha e com a respiração entrecortada, me chamava.
- O que foi, amor?
- Eu posso ir com o tio Emm naquele carro-choque?
- Pode sim, mas cuidado. E a Kris?
- Está saindo do...
- Anne. – uma voz a chamou, olhamos para frente e o Dr. Cullen estava lá, e mais uma vez o aperto em meu peito surgiu.
- O senhor lembrou de mim. – ela riu.
- Não esqueço das mulheres bonitas que entram na minha sala. – ela riu ainda mais, indo dar-lhe um abraço. Eu achei aquilo estranho, de verdade, um médico lembrando de uma menina de sete anos? Bem... diferente.
- Olá. – murmurou ao olhar para mim, apenas tentei sorrir quando assenti.
- Bella, vejo que já conhece meu cunhado, Edward. – me perguntei como não relacionei o sobrenome dos dois antes. Uma verdadeira boba, isso que eu fui.
- Ah... sim, foi ele quem me atendeu no hospital, e outras conversas surgiram, até que, a voz de Kris surgiu atrás de mim.
- Mamãe. – senti o aperto em meu peito doer ainda mais, o sentimento de que eu era uma boba ficando cada vez mais escondido, pois no lugar dele, eu senti medo. Porque?


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